terça-feira, 30 de setembro de 2008

Situ - Mamora





Já foi Thymateria púnica, foi El Mamora quando uma tribo berbere, os Beni-Ifréne a ocuparam por volta do ano 900 da nossa era. Foi São João da Mamora em 1515 (ANTT, CC I-18-39 - Mestre Duarte para o Rei a 19 de Junho), mas só foi português durante quarenta e seis dias...

Foi o forte dos piratas até os espanhois o ocuparem por largos anos, de 1614 a 1681, chamando-lhe San Miguel de Ultramar, até ser entregue ao sultão Alauíta Mulei Ismail que lhe chamou Al Mahdya.

Pequena, mas bem apresentada a história de Mehdia aqui e aqui com aguarelas e fotos. Um certo ponto de vista francês. Já os espanhois vêm a sua ocupação de sessenta e sete anos de outro modo.

O forte de Mehdia, a 6 de Junho de 1614, viu entrarem no Sebu os dois navios de pavilhão da Sabóia. Quem comandava a praça era o capitão Henry Mainwaring, dirigente da "Républica Pirata de El Mamora".

Foi ele que recebeu o capitão Antoine de Sallettes, sieur de Saint-Mandrier, que vinha em nome de Carlos Emmanuel I, da Sabóia, com ideia de fazer um pacto contra a Espanha.

As conversações duraram até 27 de Junho, quando três navios holandeses sob o comando do almirante Jan Eversten, bloquearam o Sebu.

O impasse foi quebrado com a chegada a 3 de Agosto de noventa e nove navios de Fajardo. Samandris, como seria conhecido Saint-Mandrier entre os espanhois, ainda tentou fazer-lhes frente e romper o bloqueio, mas foi de tal modo bombardeado que teve de subir o rio. Foi encalhar perto da floresta de Mamora e daí seguiu com os seus companheiros para Fez onde foi preso pelos homens de Muley Zidan.

Dados retirados do livro "Agents et Voyageurs Français au Maroc. 1530 1660" CASTRIES, Henry de. Paris 1911 (Bibliothèque nationale de France, 4-Ln5-68)
Guerras de Berberia tem um texto muito interessante!
Outras fontes referem a frota de Fajardo com vinte galeras e cinquenta navios, que carregavam nove mil e quinhentos homens.

Personalia - Autor Alexandre Dumas (pai)

Alexandre Dumas, Foto de Nadar.

Autores: Burton, Salgari e Dumas

Dumas na Wikipedia

Personalia - Autor Emilio Salgari

Emilio Salgari Verona, 21 Agosto, 1862 – 25 Abril, 1911
Autores Burton, Salgari e Dumas
Salgari na Wikipedia



Personalia - Autor Richard Burton

Sir Richard Burton, retrato de Frederic Leighton, National Portrait Gallery


Reli as histórias de Sindbad, o marinheiro, contada por Scheherazade, nas Mil e uma Noites, traduzidas por este fabuloso autor e aventureiro.


Mais tarde faço duas fichas para Dumas e Salgari!
Burton na Wikipedia.


Entretanto aqui deixo mais um quadro fabuloso de Frederic Leighton...


quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Personalia - Elia Luna Montalto

Também conhecido como: Filipe Montalto, Filipe Rodrigues, Filoteu Elias Montalto
Nasceu em 1567 e morreu em 1616

in www.arlindo-correia.com/161106.html encontrei:

O médico Filipe Montalto nasceu em 1567 na cidade de Castelo Branco, filho de António Aires e de Catarina Aires, neto materno de Filipe Rodrigues, irmão de Amato Lusitano. Era, pois, sobrinho-neto deste. A família era judaica e o lado paterno usava os nomes de Luna Montalto. Filipe Montalto foi baptizado em 6 de Outubro de 1567, sendo assim cristão-novo.

Estudou filosofia e medicina em Salamanca. Casou em Castelo Branco com outra cristã-nova, de nome Jerónima da Fonseca, que no exílio tomou o nome de Raquel da Fonseca. Do casamento teve cinco filhos, dois dos quais, gémeos, morreram na infância. Sobreviveram Rafael, Isaac e Moisés. Este último foi médico eminente na Polónia, tendo falecido em Lublin em 1637. Um filho deste, Eliahu Montalto, foi também médico.

Antes do fim do século XVI, resolveu emigrar. Os tempos estavam maus para os cristãos-novos. Se praticavam o judaísmo, eram condenados pela Inquisição. Se não o praticavam, seriam na mesma acusados pelos seus inimigos de o fazerem, submetidos a prisão e torturas, que os levavam a confessar fosse o que fosse.

Ao contrário de outros médicos que seguiram também o caminho do exílio, mas não abraçaram areligião judaica dos seus antepassados, como Rodrigo da Fonseca, Gabriel da Fonseca e Estêvão Rodrigues de Castro, Filipe Montalto instruiu-se na doutrina judaica e tornou-se praticante fervoroso.

Em 1599, está em Livorno, na Itália, onde o procura um jovem Português, Paulo de Pina, com uma carta de recomendação datada de Lisboa, 3 de Abril. Montalto converte-o à fé judaica.

Em 1606 vai a Paris, provavelmente vindo da Flandres, e é chamado para curar a aia e irmã de leite da Rainha Maria de Medicis, Leonora Galigai: esta italiana e o seu marido Concino Concini dominam a vida da Corte. Mas Leonora era muito doente; sofria de nevrose e de calores
(“Vapeurs”). Logo depois da chegada de Leonora a França, em 1602, o Mestre de Perfumes do Rei e da Rainha, o português Manuel Mendes (nascido em 1553), certamente cristão-novo, recomenda-lhe dois médicos: Francisco Alvares, marido de sua sobrinha e Filipe de Montalto.

Este está ausente em Itália, mas o primeiro é nomeado médico ordinário da Rainha, por recomendação da Galigaï. Mas Francisco Alvares não consegue curar Leonora. E esta aproveita a passagem de Montalto em Paris em 1606 para o consultar. O sucesso é evidente: Montalto a plus de succès auprès de Léonora. Fin diplomate, philosophe, il comprend qu'elle est
une hypersensible, une anxieuse doublée d'une maniaco-dépressive. Il lui prescrit des remèdes dus au seul bon sens, à savoir: diète, calme, solitude, éloignement du mari pendant plus d'un
mois, quelques médecines simples et, ce qui ne peut faire de mal à personne, prières et aumones. Après le corps, il s'occupe de l'âme et le traitement apporte une améloriation sensible. Reconnaissante, elle veut s'attacher le médecin.

(Inès de Kertanguy, Léonora Galigaï)

O trio Maria de Médicis, Galigaï e Concini bem tentou reter o médico em Paris, como médico da
Corte, mas o Rei Henrique IV não consentiu. Cristão-novos eram consentidos, mas não judeus
praticantes.

Regressado a Itália, Montalto publica em Veneza a sua obra Optica intra philosophiæ & Medicinæ aream, De visu, de visus organo [et] obiecto theoriam accurate complectens, ainda com o nome de Filipe Montalto. Na 2.ª edição, em 1613, figura já o nome de Filoteu Elias Montalto, indicando
as suas crenças judaicas.

Em Itália, Montalto tivera a protecção do grão-Duque Fernando I, tio de Maria de Médicis. Mais
tarde, fixou-se em Veneza, onde defendeu com veemência a prática da fé judaica a cara
descoberta. Montalto gabar-se-á de lhe terem sido oferecidas cátedras de Medicina em Bolonha, Messina, Pisa e Pádua. Se, de facto, lhas ofereceram, nenhuma aceitou. As universidades estavam vinculadas aos poderes estabelecidos e, por isso, também à religião católica, sendo impossível terem como professor um judeu praticante. Os médicos cristãos-novos portugueses que foram professores em Itália nunca foram judaizantes, professando a religião católica, pelo menos formalmente.

Em 19 de Dezembro de 1607, Asdrubale Barbolani di Montauto escreve um relatório sobre a missão de que fora encarregado pelo Grão-Duque Fernando I: comunicar ao Dr. Montalto que deveria desistir da ideia de trazer mais judeus portugueses para Veneza. Deveria ocupar-se com o exercício da Medicina e não lhe faltariam clientes.

Entretanto, em 14 de Maio de 1610, morre em França o Rei Henrique IV, sucedendo-lhe seu filho Luís XIII, na altura apenas com 9 anos. É Regente a Rainha-Mãe, Maria de Médicis, e sobre esta caem as influências da sua aia e amiga de infância, Leonor Galigai e do marido. Leonor Galigai era uma mulher insignificante, baixinha, feita e analfabeta. A Regente deveria ser a única
pessoa em França que por ela tinha consideração. O marido, Concino Concini, era um aventureiro oportunista, que viu nela a oportunidade de enriquecer depressa. Atribui-se-lhe apenas o mérito de ter descoberto Richelieu.

Maria de Medicis convida Montalto para seu médico pessoal. Ele aceita, na condição de poder
praticar livremente a religião judaica. Com autorização prévia do Papa, a Regente aceita a
condição. Acompanhado pela mulher, dois de seus filhos e um discípulo, Saúl Levi Morteira,
Montalto vai para Paris, no Outono de 1612.

Transcreve-se a seguir o relato de um inimigo figadal do médico, Pierre de L’Ancre, anti-semita
fanático, no livro abaixo indicado:

Ce Montalto (“Philotée Elian de Montalto Médecin Portugais, qui avait du crédit en Cour”) était Juif de race.
Il fut appelé en France quelque temps auparavant, sur la grande réputation en laquelle il était
tenu, d’être un grand et suffisant Medecin, comme on apprend par une lettre qu’il écrivit du 6
Mai 1611, répondant à quelqu’un qui lui procurait ce bien, dans la quelle il promettait d’y
venir mais à condition néanmoins, qu’il n’entendait se déguiser et contrefaire en sa profession,
ains exercer librement sa Religion Judaïque, vu qu’il avait refusé grandes offres qu’on lui
avait fait à Bologne, à Messine, à Pise: même d’être successeur du grand Mercurial, sous la
très-bénigne protection du grand Duc Ferdinand. Et qu’on lui avait aussi offerte la première
chaire de Padoue. Ajoutant qu’en un seul acte, on pourra reconnaître son intention, à savoir
qu’il ne recevra aucuns deniers le jour de son observance, c’est-à-dire, le jour du Sabbath. Il
mourut à Tours sur la fin de cette année 1615 et après sa mort il fut trouvé en quelque maison
plusieurs livres des siens, qui étaient vraisemblablement venus de lui. (Pag. 488)

Maria de Médicis protege Montalto, que tem assim tempo e dinheiro para escrever a sua principal obra médica “Archipathologia : in qua internarum capititis affectionem, essentia causae signa, praesagia, & curatio accuratißima indagine edisseruntur”, obra importante e pioneira, em que se estudam as doenças mentais. A obra é publicada em 1614 em latim, e dedicada a Maria de Médicis.

A dedicatória foi também traduzida para francês e publicada separadamente no mesmo ano com o título Lettre d’Espagne présentée à la Reine Regente par le Sieur Philotée Elian de Montalto, e
nela diz:

Vous m’avez appelé d’Italie d’une main liberale pour me commettre une très grande charge, la conduite de votre santé et de votre vie, la conservation et prolongation de laquelle comme très nécessaire est passionnément désirée non seulement de la valeureuse France, mais de toute l’
Europe. Aussi êtes vous cet esprit vital, qui unit ensemble tant de Royaumes, comme les membres d’un seul corps par le lien de la paix. Voilà comme vous avez chargé le Ciel sur mes épaules, ainsi que d’un second Atlas. »


Também Leonora Galigaï remunera bem o seu médico: em 1613, paga-lhe uma pensão de 6 000 libras (talvez uns 50 000 euros, em poder de compra de hoje).

A Archipathologia obteve fama nos meios médicos da Europa, embora não abundem hoje exemplares do livro - supomos que em Portugal não há nenhum; nas bibliotecas da Alemanha, apenas dois. Em 1621, Robert Burton (1577-1640), sob o pseudónimo de Democritus Junior publica o seu livro The Anatomy of Melancholy, que foi um sucesso ao longo de séculos, praticamente até aos nossos dias – ver o texto completo, aqui. Pois ele cita Montalto e a sua Archipathologia nada mais nada menos que 85 vezes!... [Diga-se de passagem que o R. Burton cita também outros médicos portugueses da época: Rodrigo de Castro (15 vezes), Rodrigo da Fonseca e Amato Lusitano (7 vezes, cada)].

Mas Montalto também tinha o condão de criar inimigos. O seu proselitismo judaico punha os
cabelos em pé a todos os anti-semitas. Tornava-se mesmo imprudente. Em 17 de Agosto de 1609, escreve uma carta a sua cunhado Thomás da Fonseca, carta que constituiu o principal argumento para levar a Inquisição a prendê-lo. Sob tortura, Thomás acabou por denunciar praticamente toda a família e confessar tudo o que lhe pediram, sendo “reconciliado”em auto-da-fé celebrado em 31 de Julho de 1611.

Um dos parentes de Montalto que fugiu e se estabeleceu em França em St. Jean-de-Luz foi o também médico Pedro Rodrigues, casado com Isabel da Fonseca, irmã da esposa de Montalto e, portanto, seu co-cunhado. A este dirigiu Montalto quatro extensas cartas tentando convertê-lo à prática da estrita religião judaica, mas sem sucesso.

Entretanto, por um qualquer motivo, incompatibilizou-se com um espanhol também cristão-novo de nome Carlos Garcia, que se intitulava médico. Mas a alta protecção de que gozava na Corte permitiu-lhe conseguir que Garcia fosse metido no calabouço no Verão de 1615. Só de lá saiu após a morte de Filipe Montalto. Carlos Garcia foi depois o maior detractor de Montalto no
julgamento de Leonor Galigai.

No final de 1615, a Corte partiu para Bordeaux, em missão integrada no âmbito do casamento de
Luís XIII com Ana de Áustria, filha de Filipe III de Espanha. Montalto acompanha a Rainha
Regente. Mas no regresso, no terrível frio com que se inicia o ano de 1616, Montalto morre em 19 de Fevereiro, em Tours.

Por ordem de Maria de Médicis, o corpo de Montalto é embalsamado e levado para Amsterdão por Josué de Luna, parente do falecido e por Saúl Levi Morteira. É enterrado no cemitério de
Oudekerk, que tinha sido comprado na altura pela comunidade judaica.

O nome de Montalto volta à baila em 1617, quando o adolescente Luís XIII se revolta contra sua
mãe e a destitui da regência. Para isso, reúne um grupo de fidalgos amigos a quem incumbe de
prenderem Concini, ou de o abaterem se ele opusesse resistência. Os conjurados executaram-no em 24 de Abril de 1617.

A Galigai é presa e submetida a julgamento. Porque seria demasiado complicado acusá-la de
traição e crime de lesa-majestade, a acusação fala de bruxaria e de recurso à magia. Carlos
Garcia afirma em Tribunal que Montalto lhe pedira informações sobre magia e a indicação de um mágico que conhecesse os poderes para dominar as pessoas (“contraindre les esprits”).

Feita a acareação de Garcia e de Leonora, esta declarou que não o conhecia de lado nenhum.
Quanto à Galigai, fez o seguinte depoimento sobre o seu médico:

“ Étant tombée dangereusement malade, mes gens et les médecins de Paris eux-mêmes me
conseillèrent de me servir de Montalto. Il travaillait avec les autres à ma cure et je guéris.
Ce fut trois ou quatre mois avant la mort du roi. Montalto se retira ensuite à Florence, où le
grand-duc l’employait pour lui. Je n’ai jamais entendu dire qu’il fut magicien. Il avait au
contraire la réputation d’un très galant homme. Trois ou quatre des plus célèbres médecins de
Paris étant morts, la reine-mère écrivit au grand-duc de lui envoyer Montalto. Elle écrivit
aussi au pape pour obtenir la permission de se servir de lui, disant qu’elle en avait besoin
pour elle et sa maison. La reine-mère obtint l’une et l’autre ».


Condenada à morte, Leonora Galigai morreu com dignidade, decepada pelo machado do carrasco, no mesmo dia em que foi proferida a sentença, 8 de Julho de 1617.


TEXTOS CONSULTADOS:

Livros de Montalto.

Dr. Montalto em Veneza – Carta de Asdrubale Barbolani di Montauto (29-12-1607)
Online: http://www.medici.org/news/dom/dom042002.html

Jewish Encyclopedia
Online: http://www.jewishencyclopedia.com/view.jsp?artid=737&letter=M

Biografia, por Peter van Rooden
Online: http://www.xs4all.nl/~pvrooden/Peter/publicaties/1989b2.htm

D. Marcelino Menéndez y Pelayo, Historia de los heterodoxos españolesOnline:
http://www.cervantesvirtual.com/servlet/SirveObras/12815841228995502421513/p0000020.htm#I_241_
José Maria Perceval Verde, Opinión pública y publicidad (siglo XVII). Nacimiento de los espacios de comunicación pública en torno a las bodas reales de 1615 entre Borbones y Habsburgo, Tese de Doutoramento - Ver pgs. 517, 518 e 525
Online: http://www.tdx.cbuc.es/TESIS_UAB/AVAILABLE/TDX-1124104-171942//

Alain Decaux, La naine hystérique qui gouvernait la France, in Historia N°367 - juin 1977 Online: http://renaissance.mrugala.net/Concini/La naine hysterique.htm

Alfredo Rasteiro, AMATO, MONTALTO E A ARTE DOS OLHOS NOS SÉCS. XVI E XVII, em Cadernos de História da Medicina
Online: http://www.historiadamedicina.ubi.pt/cadernos_medicina/vol08.pdf#search="

Pierre de L'Ancre (15..-1630?), L'incrédulité et mescréance du sortilège plainement convaincue, où il est amplement et curieusement traicté de la vérité ou illusion du sortilège... et d'une
infinité d'autres rares et nouveaux subjects, Paris : N. Buon, 1622, 841 pag.
Online: http://gallica.bnf.fr/ark:/12148/bpt6k763251

Rober Burton, The Anatomy of Melancholy, What it is: With all the Kinds, Causes, Symptomes,
Prognostickes, and Several Cures of it. In Three Maine Partitions with their several Sections,
Members, and Subsections. Philosophically, Historically, Opened and Cut up, 1621
Online: http://www.gutenberg.org/etext/10800 Voltaire, Histoire du Parlement de Paris -

Chapitre 47
Online: http://perso.orange.fr/fdomi.fournier/Generalite/Voltaire/Parlement/HPP_10.htm

Peter van Rooden, A Dutch adaptation of Elias Montalto’s Tractado sobre o princípio do Capítulo
53 de Jesaias. Text, introduction and commentary.
Online: http://www.xs4all.nl/~pvrooden/Peter/publicaties/1989b2.pdf

Bibliotheca lusitana historica, critica, e cronologica : na qual se comprehende a noticia dos
authores portuguezes, e das obras, que compuserão desde o tempo da promulgação da Ley da Graça até ao tempo presente, por Diogo Barbosa Machado (1682-1772), 4 vols., 1741. Transcrito aqui.

Nicolau António, Bibliotheca Hispana noua : sive Hispanorum scriptorum qui ab anno MD ad
MDCLXXXIV floruere notitia / auctore D. Nicolao Antonio ; tomus secundus, Madrid, Apud Joachimi de Ibarra., 1788. Online aqui (págs. 258 e 259 do software).
Dr. José Lopes Dias - Laços familiares de Amato Lusitano e Filipe Montalto (novas investigações)
- Colóquio de História da Medicina,, Lisboa, 1961, 31 pgs.
Augusto de Esaguy, Comentos à vida e obra de Elias Montalto, Lisboa, Ed. Império, 1951, 35 pgs.
Eduardo Ricou, Elias Montalto: sua vida e obra, Sep. do “Jornal do Médico”, n.º 125, 6 pgs.
Porto, 1988

H. P. Salomon - Une lettre jusqu'ici inédite du docteur Felipe Rodrigues Montalto (Castelo
Branco, 1567 - Tours, 1616), Paris, Fund. Calouste Gulbenkian, Centre Culturel Portugais, 1983 , pgs. 151-169

Cecil Roth (1899-1970), Quatre lettres d’Elie de Montalto, Paris, Soc. des Etudes Juives, 1929,
pgs. 137-165.

Jean-Marc Pelorson, « Le Docteur Carlos Garcia et la colonie hispanoportugaise de Paris (1613-
1619) », em Bulletin Hispanique n.º 71, 1969 (2), pags. 518-576.

Meyer Kayserling (1829-1905), Biblioteca española-portugueza-judaica, Madrid. Ollero y Ramos, 2000, 155 p. Reprodução em fac-simile da ed. de Estrasburgo: Charles J. Trubner, 1890. ISBN 84-7895-141-5

A. Tavares de Sousa, Curso de História da Medicina: das origens aos fins do século XVI, 2,ª ed.
Lisboa, F. Calouste Gulbenkian, 1996, 187 págs. ISBN 972-31-0097-5

Brigitte Bedos-Rezak, "Tolérance et raison d'Etat: le problème juif," em L'Etat baroque. Regards
sur la pensée politique de la France, du premier XVIIe siècle, ed. H. Mechoulan (Paris, Vrin,
1985), pp. 243-287.

Inès de Kertanguy, Léonora Galigaï, L'âme damnée de Marie de Médicis, Pygmalion, Paris, 2005, ISBN 2-85704-974-9

Miriam Bodian, Hebrews of the Portuguese Nation, Conversos and Community in Early Modern
Amsterdam, Indiana University Press, Bloomington – Indianapolis, 1997, ISBN 0-253-21351-7

FILIPE MONTALTO, ou FILOTHEO ELIAS MONTALTO, pois com hum, e outro nome se acha escrito, naceo na Villa de Castello-Branco da Diocese da Guarda, irmaõ de Amato Lusitano, a quem imitou na profundidade da sciencia Medica, como na observancia dos ritos Judaicos. Foy Cathedratico de Medicina nas Universidades de Lovanha, e Pisa, onde depois de explicar os seus Aforismos a diversos discipulos, que sahiraõ Mestres, passou a França por ordem da Rainha Christianissima Maria de Medices, de quem recebeo particulares estimaçoens, sendo Fysico mòr, e Conselheiro da Magestade Christianissima de Luiz XIII. Morreo na Cidade de Tours em o anno de 1615 . Grandes saõ os elogios, que lhe dedicaõ diversos Authores como saõ Zacut. de Med. Princip. Hist.-lib. 5. hist. 16. chamando-lhe clarissimus, & subtilissimus, & lib. 2. hist. 43. Dub. 30. omnium voto doctissimus, & ibi histor. 57. eruditissimus, & observat. 43. inter Neotericos scientissimus.

Wolfio Bibliot. Hebraea pag. 163. §. 252. Bartolocci Bibliot. Rabbin.(Part. 1. pag. 830. Joan.
Soar. de Brit. Theatr. Lusit. Litter. lit. P. n. 59. Abrah. Mercklin.Lind. Renov.pag. 920. Joan
Hallevord. Bib. Curios. pag. 339. col. 1. D. Franc. Man. Cart. dos AA. Portug. Basnage Histoir.
des Juifs Tom. 5. pag. 1829 . Nicol. Ant. Bibliot. Hisp. Tom. 2. pag. 204.

Compoz Optica intra Philosophiae, & Medicinae arcam de visu, de visús organo, & objecto
Theoricam complectens. Florentiae apud Cosmam Juntam. 1606. 4. & Coloniae Allobrogum 1613. 4. grande S.

Esta obra, que dedicou ao Graõ Duque de Toscana, promette no Prologo hum Tratado -De omnibus animae facultatibus com outros, que constaõ de Internorum morborum praxi, e Cosmopaeia Theorica.

Archipatologia, in qua enternarum capitis affectionum, essentia, causae, signa, praesagia, &
curatio acuratissimâ indagine disseruntur .Lutetiae apud Franciscum Juequin 1614 . 4.&
Gervasii . 1628 . 4.

De homine Sano .
Francofurti 1591 .

8.

--

A minha intenção é ligar Elias Montalto com a comunidade da Neve Shalom em Amesterdão, interessa-me o triangulo Maria de Medicis, Leonora Galigai, Elias Montalto.





Há uma carta dos Estados Gerais, datada de 10 de Agosto de 1612, dirigida a Maria de Medicis, para que interceda junto do embaixador francês em Madrid. Recordando outras cartas dirigidas a Luís XIII.

Penso criar ligação entre Samuel Palache e Elias Montalto através de cartas em ladino comentando a importancia do Livro da Vida que estaria na biblioteca do sultão.

Fantasia: Leonora Galigai interessou-se pelo assunto, para seu próprio proveito.

Personalia * Constance

Flaming June
Mulher jovem, bonita, quase angelical. É uma estudiosa da espagíria, entusiasta dos astros e de certo modo, sacerdotisa da Lua. Corresponde-se com Cristina de Lorena e com Galileu Galilei. É conhecida pelo nome de "Istar" entre os adoradores de Mitrah em Falicon e por Cibele na Liguria.

É ela que leva Peter à gruta de Ratapignata, o prepara e o apresenta aos seguidores do culto secreto. Vêm nele o Sol e nela a Lua... Dualidade alquímica do ouro e da prata. Representação do Enxôfre e do Mercurio. Constance e Peter num "spagyric marriage" (ref. pag. 232 do The Dictionary of Alchemy).

Ele será iniciado como corax.

Miguel apaixona-se por Constance, que o trata como um irmão, enquanto Nenu tem ciumes todas as noites...

Constance adopta Miguel e viaja com Peter pelo resto da viagem da sua vida. Torino, Arlon, Beersel, Antuérpia, Amesterdão, Appingedam e Texel são etapas importantes nesta fase das vidas deles.

Será na casa do tio, na Groninga, que ela se "encontrará" com Nenu... pneuma... o sopro da vida.

Constance terá uma filha de Peter: Rosa.

Situ - Alcácer Quibir

Também: Alcácer-Quivir, Al Quasr al-kibr, Alcazarquivir, Alcassar.

É hoje uma cidade. O local da batalha fica perto. Chama-se Oued Makhazin, ou Majazin, e é considerado o sítio onde se realizou a "Batalha dos Três Reis", ou para os portugueses a batalha de Alcácer Quibir.

A quatro de Agosto de 1578 morreram três reis: El-rei de Portugal D. Sebastião, Mulei Abd al-Malik rei de Marrocos, irmão de al-Mansur e, o deposto Mulei Mahamet al-Mutawakkil, que se aliou aos portugueses para recuperar o trono que herdara do seu pai e que perdera para o seu tio, dois anos antes.

Mulei Mahamet al-Mutawakkil ( ou Muhammad al-Mutaxakkil), era filho de Mulei Abd Allah al-Ghalib que morreu em 1574.
Dois anos depois, Mulei Abd al-Malik retirarava-lhe o poder (1576).

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Personalia - Roduão

Roduão (Reduão ou Ruduão), alcaide, fiel elche (renegado), de origem castelhana.

"E mandou diante (el-rei Amet xarife) o alcaide Roduão, arrenegado, com quatrocentos homens de guerra e com sua mãe Lele Joar e sua mulher Lela Suna, e muitos mercadores que levava consigo pera Marrocos e fez escrever a suas terras o bom trato que lhes fazia, que foi ocasião de se irem pera Marrocos muitos italianos, espanhois, francesese framengos..." in Crónica de Almançor, pág. 31.

Roduão e Bem Bucar foram os principais alcaides que executaram a vingança pela morte do pai de Ahmed al-Mansur. Ref. Crónica de Almançor, pág. 47.

Escolhi Roduão para ser o alcaide que ajuda Ahmed al-Mansur a levar o irmão Abd al-Malik até ao início da batalha. Trata-se de uma especulação da minha parte, pois, historicamente al-Malik morreu na sua tenda sem ter estado na batalha de Alcácer Quibir no dia 4 de Agosto de 1578.

Personalia - Sir Anthony Sherley

Quem resgatou António de Saldanha, autor da "Crónica de Almançor" foi Anthony Sherley.

Excelente aventura que começa quando chegou a Safi a 17 de Outubro de 1605, tendo ido a 2 de Fevereiro de 1606 a Marraquexe, onde esteve vários dias a preparar a visita a Mulei Abu Faris.

Entre 17 de Fevereiro a Julho de 1606 foi recebido seis vezes pelo sultão.

Negociou Anthony Sherley o resgate com a ajuda de um rubi que tinha trocado por uma navio de açucar.

Viajou de Marrocos para Lisboa onde esteve em casa dos Saldanha, na Junqueira, antes de partir para Madrid onde estava em Agosto de 1608.

A sua vida aventurosa continuou, tendo sido almirante da frota do Levante em nome de D. Filipe III, contra o turco.

Morreu em Madrid em 1635.

Personalia * David Almosnino

David Almosnino é uma personagem de ficção do livro "1621". Vive em Fez em 1618 e é o alfaqueque responsável por Peter Cornelius!

Imaginei que seria da familia de dois irmãos que existiram na vida real: Isaac e Abraham Almosnino cujo processo está na Torre do Tombo, conforme imagem que abre e ilustra esta ficha.

David poderia ter sido enterrado no cemitério de Fez.

Estes irmãos foram feitos prisioneiros em Goa em 1617, 24 de Janeiro, em casa do inglês Sir Robert Shirley (Sherley).


Na época o aventureiro inglês seria embaixador do Shah da Persia para o Império Mogul. Os Almosninos teriam encontrado Shirley na Pérsia, tendo decidido acompanhar o inglês na sua viagem à Índia via Hormuz. Aparentemente, foram denunciados por dois cristãos velhos do Porto. Confundiram Isaac Almosnino com um outro médico judeu, de nome Manuel López, espanhol que tinha praticado medicina no Porto durante vários anos. López tinha fugido para o Porto para evitar problemas com a Inquisição em Espanha. A confusão entre Isaac e López deveu-se ao facto de ambos serem de estatura média, usarem barba e nariz grandes serem médicos e falarem fluentemente português e castelhano.

A saída de Isaac de Fez foi devida à sua fidelidade a Mulei Zidan durante a guerra civil contra o irmão mais velho, Mulei Shaykh, o que o obrigou a exilar-se.
Outra confusão a ter em conta nesta investigação é sobre os irmãos Sherley: Quem resgatou António de Saldanha, autor da "Crónica de Almançor" foi Anthony Sherley . Quem protegia os Almosninos era o anterior citado.

Quando foi preso, Isaac declarou ser natural de Fez, ter quarenta e oito anos e afirmou veementemente ser "judío de nación y de profesión", filho e neto de judeus, "desde Abraham até agora"! Descendente de judeus expulsos de Espanha em 1492.

Isaac e o irmão Abraham estiveram presos em Goa, Isaac no Aljube de Goa e Abrahm nas galés desde 24 de Janeiro de 1617.

Considerada data de prisão a 27 de Novembro de 1618.

Foram levados para Lisboa, onde chegaram a 12 de Julho de 1619.

Foram embarcados para Safim a 10 de Dezembro de 1621.

O processo durou até 1621 e está no AN/TT, CódigoReferência: PT-TT-TSO/IL/28/5393 com o Título: Processo de Isac Almosnino de onde foram retiradas as seguintes informações:


Estatuto social: judeu de nação

Idade: 48 anos

Crime/Acusação: blasfémias

Cargos, funções, actividades: médico e tratante

Naturalidade: Fez, África

Morada: Goa

Pai: Hasdai Almosnino, judeu, mercador

Mãe: Aziboina, judia

Estado civil: casado

Cônjuge: Alva, judia

Data da prisão: [27]/11/1618

Sentença: auto-de-fé privado de 11/08/1621. Expulsão do reino, ir para África e não voltar à Índia, pagamento de custas.

O réu sabia hebraico, arábico, castelhano e caldeu, um pouco de italiano, francês e português.

Em 24/01/1617, o réu foi preso em Goa e enviado para a Inquisição de Lisboa.

Em 10/12/1621, o réu foi embarcado, junto com o seu irmão, Abraão Almosnino, numa caravela, da qual era mestre Romão Guterres, com destino a Safim, África.

O processo está digitalizado e pode ser consultado (378 ficheiros), também existe o processo de Abraham mas ainda não está na Web e não o consultei na TT.

Outro documento interessante é o translado do processo (PT-TT-TSO/IL/28/12799 ), o qual tem a característica de ter um brilho na tinta castanha.

Sobre os dois irmãos ver também livro de Garcia-Arenal "Entre Oriente y Occidente: Los hermanos Almosnino judiós de Fez"

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Personalia - Galileu Galilei

Galileu Galilei

Nasceu em Pisa, Itália, a 15 de Fevereiro de 1564 e morreu a 8 de Janeiro de 1642 em Florença, Itália.

Vou considerar que os seus escritos - o seu livro Sidereus Nuncius ("Mensageiro das estrelas") de 1610 editado em Veneza - por exemplo, poderia ter sido lido por Constance.

As cartas de Galileu são uma fonte muito interesssante de informação.
Ela poderia inclusive ter tido acesso a cópias das cartas de 1613 e 1615 dirigidas a Benedetto Castelli, Pietro Dini e sobretudo a carta de 1615 a Cristina di Lorena.
Não consta que estas cartas tivessem sido publicadas na época, mas há referências a cópias que circulavam entre os estudiosos.

Posso vir a especular que Cristina de Lorena tivesse trocado corrrespondência com Constance...

Objectu - livro Sidereus Nuncius

Capa do livro Sidereus Nuncius ("Mensageiro das Estrelas")


Galileu, quando tomou conhecimento da construção na Holanda do primeiro telescópio, tudo fez para obter um folheto, a partir do qual, começou a construir os seus modelos.

Com os melhoramentos que realizou na nova ferramenta, fez observações astronómicas, descobrindo que a Via Láctea é composta de miríades de estrelas (e não uma "emanação" como se pensava até essa época), descobriu ainda os satélites de Júpiter, as montanhas e crateras da Lua.

Desenhos de Galileu sobre as fases da Lua

Todas essas descobertas foram comunicadas no livro Sidereus Nuncius ("Mensageiro das Estrelas") em 1610.

A observação dos satélites de Júpiter, levaram Galileu a defender o sistema heliocêntrico de Copérnico.



quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Demonia - Lilith


Figura feminina mitológica de origem mesopotâmica, deusa dos ventos e das tempestades, demónio da noite na cultura hebraica. Responsável pelas discussões entre casais. Na cultura árabe é chamada Karina, a sombra das mulheres. Karina ataca sobretudo mulheres grávidas.



Quadro do pintor Pré-Rafaelita John Collier datado de 1887 que quase parece uma Lamia.

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Personalia - D. João Coutinho


Reprodução de aguarela realizada em Goa entre 1893 e '95
pelo então Capitão
Manuel de Oliveira Gomes da Costa


D. João Coutinho foi 5º conde de Redondo e vice-rei da Índia entre 1617 e 1619. Ao chegar a Goa deu ordem de prisão ao seu antecessor D. Jerónimo de Azevedo.

Partiu de Lisboa a bordo da nau N.ª Sr.ª da Penha de França em finais de 1617, tendo sido a bordo dessa nau que regressou o Vice-Rei deposto.

Objectu - Nau N.ª Sr.ª da Penha de França

Segundo o comandante António Marques Esparteiro esta nau foi mandada construir por Henrique Gomes da Costa em 1616 e destinava-se à armada de 1617.

Foi nela que nesse ano partiu o Vice-Rei D. João Coutinho com armas e bagagens para Goa.

Nesta nau regressou ao reino sob prisão o Vice-Rei D. Jerónimo de Azevedo por alegadamente ter desviado fundos da fazenda real.

Gostava de verificar as datas de partida e chegada desta nau em 1617:

Considerando que a nau N.ª Sr.ª da Penha de França terá partido em Março/Abril de 1617 e terá chegado a Goa em Setembro/Outubro de 1617.

Poderia ter feito o regresso imediatamente?

O torna-viagem também se fazia em Março. Assim é possível considerar o regresso em Março de 1618 e a chegada a Lisboa em Setembro/Outubro de 1618.

Alguém me pode ajudar a descobrir a data de entrada de D. Jerónimo de Azevedo, como prisioneiro no castelo de Lisboa?

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Personalia - Antoine de Sallettes Sieur de Saint-Mandrier


Caixa contador espanhola do século XVII em madeira de pau-santo e incrustações de marfim, inspirada em modelos italianos da mesma época. Caixa quadrada de 3 gavetas (uma delas simulando ter duas), com magnifica marqueterie em marfim com motivos de enrolamentos entre jarrões. Asas laterais de ferro e pés em marfim posteriores.Med. : 22.5x39.5x29 cm

Antoine de Sallettes (Coindreau), Sieur de Saint-Mandrier, também conhecido como Salvaleta, Samandris, San Manrique, Suma Andrea.

Fugido de França em 1611 com dez dos seus homens, por ter participado na morte de um sargento da companhia de Sieur de Saint Pierre, em serviço em Tollon (Toulon). Refugiou-se junto de Charles-Emmanuel I, Duque de Sabóia. Tornou-se capitão de uma companhia de 120 homens e com eles serviu na guerra de Montferrat (1612-1613.)
Diversas vezes pediu a Louis XIII para voltar com os seus dez companheiros. Não tendo sido absolvido, partiu, em nome de Charles Emmanuel, para al-Mamora (Mehdia - Marrocos), munido de cartas de corso.
Parte de Villefranche, na Primavera de 1614 (procuro o nome do barco em que navega até Cartagena), no porto de Cartagena a 30 de Maio desse ano, captura um navio holandês; o "Pavão Dourado" a bordo do qual navega até Mamora em conserva com o outro navio.
Em Mamora, cruza-se com o famoso pirata Henry Mainwaring, que dominava a fortaleza e a bateria norte desse porto natural. A 27 de Junho de 1614 três navios holandeses comandados pelo almirante Jan Evertsen, aliados do sultão Zidan, ocupam a entrada de al-Mamora. Mas, a 3 de Agosto de 1614, chega a frota espanhola de D. Fajardo, vinte galeras e cinquenta navios, que carregavam nove mil e quinhentos homens, que os expulsa a todos, incluindo os holandeses. Henry Mainwaring consegue fugir para Safi, enquanto Saint-Mandrier, vendo-se impedido de fugir para o mar alto, sobe o rio Sebou, preferindo cair nas mãos dos homens de Zidan do que ser preso pelos espanhóis.
Ao entrar na região de Fez foi feito prisioneiro e levado a Zidan que acabou por o tomar ao seu serviço como militar e engenheiro.Durante mais de onze anos realizou para o Sultão do Magreb, acções militares de corso e de engenharia militar, sobretudo na tentativa de construção dos portos de Mamora e Aier.
Caído em desgraça junto do sultão, tentou fugir, com o seu cunhado Saint-Amour, a bordo de um barco francês em 1625 mas os homens de Zidan conseguiram persegui-los e prende-los.

Cerca de um ano depois, a 24 de Abril de 1626, Mulá Zidan mandou decapitar Antoine de Sallettes de Saint-Mandrier.

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Objectu - Barcos - Fusta

Ilustração do livro de Jan Huygen van Linschoten
Embarcação comprida de fundo chato, de vela e remo que deriva de uma pequena galé armando apenas dezoito a vinte e dois remos por cada bordo, podendo as maiores chegar aos vinte e cinco remos. Além dos remos armavam um mastro com vela latina triangular. Era a embarcação preferida dos corsários de Salé. Os irmãos Barbarossa (Baba Aruj e Khair ad Din) utilizaram este tipo de embarcações para as operações rápidas nas costas portuguesas, espanholas e francesas. Assim como na conquista turca do Norte de África em nome de Suleiman o Magnífico.


Outros barcos da mesma época: Galeras

terça-feira, 2 de setembro de 2008

Personalia - Hugo de Groot


Filho de Jan de Groot, curador da Universidade de Leiden, nasceu em Delf a 10 de Abril 1583 e morreu em Rostock a 28 de Agosto de 1645.

Jurista neerlandês. A obra mais conhecida é De iure belli ac pacis (Das leis de guerra e paz, 1625), no qual aparece o conceito de guerra justa e do direito natural.

Em 1608 casou com Maria van Reigersberch (com quem teve quatro filhos e três filhas).

Governador da cidade de Rotterdam em 1613, com direito a assento nos Estados da Holanda e nos Estados Gerais dos Países Baixos Unidos.

Em 1617 De Groot tornou-se membro do Comité de Conselheiros do Partido Arminiano. Em agosto desse ano surgiu um conflito entre os Estados Gerais (arminianos) e a Holanda ( Calvinista) e em 1618, cai numa armadilha organizada pelo príncipe Maurício dando início a um golpe de estado calvinista.

É preso junto com Oldenbarnevelt e Rombout Hoogerbeets em nome dos novos Estados Gerais.

Em 1619 um tribunal especial de 24 juízes julga os prisioneiros políticos, sentenciando à morte Van Oldenbarnevelt (executado em 13 de maio de 1619) e Grotius e Hoogerbeets à prisão perpétua no castelo de Loevenstein.

Hugo Grocius conseguiu fugir no dia 22 de Março de 1621 dentro de uma mala de livros.



Hugo Grotius definiu o direito natural como um julgamento perceptivo no qual as coisas são boas ou más por sua própria natureza. Com isso rompia com os ideais calvinistas pois Deus não seria a única origem de qualidades éticas.

Tais coisas que por sua própria natureza eram boas estavam associadas com a natureza do Homem.

A República Holandesa tinha sido fundada com base em princípios de tolerância religiosa mas tinha-se tornado numa teocracia calvinista. Como humanista e patriota holandês, Grotius teve problemas com os calvinistas que foram para lá das disputas religiosas: leis internacionais da guerra e a questões de paz e justiça foram questões.

Ficou sobretudo famoso pelas suas teorias sobre o direito natural, foi considerado grande teólogo.

Personalia - Jacob Prouninck

Jacob Prouninck

(Jonker Prouninck geseijt van Deventer)

É uma personagem histórica que faz parte do romance "1621". Foi comandante do castelo de Loevenstein onde esteve prisioneiro o jurista Hugo de Groot.